sábado, 30 de julho de 2011

O legado de Amy Winehouse na música, na moda e nas atitudes desregradas

Amy permanece entre os ícones da música, em específico do jazz e soul.




"A influência de Amy Winehouse do ponto de vista psiquiátrico é negativa e positiva, ao mesmo tempo. Positiva ao chamar a atenção para o risco do uso de substâncias. E a substância favorita de Amy era o álcool, que ela aparentemente bebia durante os shows", salienta Roberto Ratzke, psiquiatra de com reconhecimento nacional, professor da Faculdade Evangélica do Paraná e diretor da Clínica Heidelberg.

A cantora deixou um importante legado para a música, mas seu estilo de vida é muito questionado, já que não conseguia nem mesmo fazer shows por causa dos vícios. Dr. Roberto enfatiza que o alcoolismo é um problema sério, de saúde pública, fatal e que serve como porta de entrada para outras substâncias. "Por outro lado, a influência negativa é que o uso de substâncias pela Amy pode ser visto com certa ‘glamurização’ pelos fãs. Eu soube pela imprensa que dentre os objetos deixados à entrada de sua casa estão garrafas vazias de vodka, cerveja."

Há quem contrarie sua posição, mas dr. Roberto menciona que há a ideia do público geral e do meio artístico que a capacidade de compor, cantar ou tocar instrumentos de forma genial só é possível com um estado alterado de consciência proporcionado pelo uso de álcool e outras drogas.

"Não há pesquisa alguma defendendo este ponto de vista. Provavelmente ela teria composto muito mais músicas se não perdesse tempo lidando com intoxicações, ressacas, problemas de memória (esquecia a letra de suas próprias músicas)."

Luciane Celuppi, da Arte & Som, comemora as músicas deixadas pela cantora e lamenta a morte precoce, mas não se admira. "Quero deixar claro que não são as drogas e os excessos que fazem da pessoa um talento, pelo contrário, a levam mais rápido para a morte. Assim como muitos músicos bons e famosos já se foram, muito mais estão vivos. Isso é bom sinal!"

A psicóloga Maria Augusta Gregório relata que diversas pessoas procuram, em algum momento, um caminho que parece ser feliz, mas na verdade é uma fuga da realidade ou da dor emocional. "Com o passar do tempo e de seu uso, essas sensações tornam-se menos satisfatórias à fuga desta dor e essa pessoa irá cada vez mais em busca de alívio, consumindo cada vez mais."



Ícone fashion

A designer de moda Kharolinne Di Santolin define que Amy tornou-se um ícone fashion. "Isso acontece quando a pessoa tem um estilo impactante e cheio de personalidade. Vai além da roupa, é a maneira que ela usava o cabelo e a maquiagem". Neste fim de semana, Kharolinne pretende fazer uma produção sobre a cantora em Beltrão.

"Acredito que a maior característica de influência que a Amy teve na moda foi atualizar o estilo de pin-up dos anos 1950 e 1960 para os dias atuais, como o delineador supermarcado e o batom vermelho, que foram hits que suas fãs aderiram na tentativa de entrar para o clã de estilo Winehouse", opina a designer de moda Juliana Thomé.

Ela considera que os vestidos supercurtinhos, mas sempre femininos, também foram sua marca registrada, assim como a sapatilha de bailarina, usada não só nos dias casuais, pelas ruas, mas também em seus figurinos para os shows.

"Definitivamente, o seu estilo foi único e particular, porque ela usava o que queria e isso depois virava moda pelo mundo, como o cabelão retrô e os lenços no cabelo."



Música

Amy será lembrada principalmente pela voz marcante e, por isso, admirada por muitos, mas até mesmo profissionais da área percebem que o seu modo de vida era exagerado.

"Eu, particularmente, gosto muito das músicas dela, acho que o talento nato, todo o soul que ela tinha era demais. Lógico que sua conduta não a levaria ao futuro, pois ninguém sobrevive a tanto álcool e drogas", afirma Luciane.

O psicólogo Roberto Florentino da Silva constata que, com o seu talento artístico reconhecido pelas vendas de seus álbuns, é inegável que Amy se trata de um ícone cultural. "O problema que emerge é o comportamento apresentado nas aparições públicas, misturando rebeldia e quebra das convenções sociais, aliadas indiscutivelmente ao uso de drogas como tabaco, álcool e possivelmente outras ilegais. A questão das drogas é muito mais ampla e complexa do que simples imitação de comportamento. Não acredito que os jovens comecem a usá-las apenas porque viram outra pessoa, famosa ou não, usando."

Segundo Roberto, o trágico nessa invasão das substâncias tóxicas é que a sociedade atual não sabe como lidar com elas, nem com o tráfico, nem com o usuário e, principalmente, não existe política pública de saúde para tratar o dependente. Os pais não sabem o que fazer. "No caso do falecimento da cantora Amy, acredito que o exemplo maior que fica é o da sociedade impotente para lidar com a questão das drogas, a exemplo de tantos pais desesperados, e a tristeza maior da morte prematura, anunciada, de uma jovem no auge de sua carreira e juventude, também a exemplo de tantas outras mortes, igualmente trágicas, de tantos outros desconhecidos, diariamente, no mundo inteiro."

O psicólogo acredita que os jovens não usarão mais nem menos drogas por influência de Amy, mas "o mundo fica um pouquinho mais triste e a nossa condição humana, um pouquinho mais fragilizada em meio a uma sociedade que parece indiferente a tudo e a todos".

Fonte:http://www.tosabendo.com/

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